quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Acampando das Montanhas

Como estou vivendo aqui muita coisa diferente, muitas experiências novas, por que não ter mais uma? Pensando assim, fui acampar nas montanhas. O ponto escolhido foi Jebel Shams, há umas 3 horas de Sohar, e é o ponto mais alto de Omã. Antes de qualquer piadinha que possa aparecer, não teve nada de Brokeback Mountain.... Eu sou Corinthians rapá!

Quem me conhece, sabe que não sou adepto do Eco-Turismo... Eco-Turismo para mim tem que ter eco-alvenaria, eco-ar condicionado, eco-água quente, eco-restaurantes e tudo mais... Mas por que não experimentar? A Rosana, minha namorada, gosta dessas coisas... gosta de acampar, de ir para lugares desertos e sem energia elétrica, que só chega lá depois de horas de barco... Como mais cedo ou mais tarde teria que passar por isso, resolvi fazer um intensivão aqui em Omã para ver como que eu me adaptaria a essa vida.

O que eu sabia antes de ir? Que lá era bonito, que tinha uma piscina, uma cidade em ruínas, que fazia frio, e que dormiríamos no topo da montanha. Ok, como me preparar então? Frio: eu não trouxe roupa de frio... trouxe uma blusinha bem fajuta só por causa do avião... fui numa loja tipo C&A e comprei a blusa mais grossa que eles tinham. Em se tratando de Omã,, isso não era grosso o bastante... era bem levinha... mas já era alguma coisa. Barraca e colchonete: não tenho nada disso, e muito menos iria comprar... peguei o meu edredon, e ficaria envelopado com ele, aliviaria um pouco o duro do chão de pedras, e me cobrira com ele. Comer: precisávamos preparar nossas provisões para a viagem... como eu nunca acampei, lembrei dos filmes americanos e fiz um monte de sanduíches para levar...se tivesse arrumado marshmellow, ia levar também! Uma outra provisão que levei para o frio, foi uma garrafa de vinho e outra de rum. E vamos na raça!

Fomos o Andreas (austríaco/colombiano), Helmuth (esse só austríaco) o Renato (brasileiro, o 'do dedo') e eu. Andreas alugou um Pathfinder por que precisava ser 4x4 para chegar na montanha. Passamos no Lulu para comprar água e comida, e resolvemos comprar uma carne para fazermos na brasa, beleza, garanti meu churrasquinho! Compramos uns 20 litros de água e 'bora pegar a estrada!

O caminho era bem complicado, e chegamos na montanha já escuro. Arrumamos um platô para passar a noite e fomos montar o acampamento. Já fazia frio... ventava muito... arrumamos um lugar protegido pelas pedras para prepararmos a comida, e dormiríamos nesse platô, mais alto. Estávamos a 2.500 metros de altitude. O ponto mais alto, fica a 3.076m, mas não tem um lugar para preparar o acampamento, e era complicado o acesso.

Chegamos por volta das 20hs e já estava frio.... saímos do carro e já coloquei o moleton e a touca (sim, por um acaso do destino eu trouxe uma touca de lã pra cá.... acho que não percebi que estava na mala, e ela veio muito bem a calhar!), e fomos preparar a nossa cozinha. Na montanha, éramos nós 4 e Deus... mas ninguém... sob as estrelas. Fizemos a fogueira, preparamos a brasa e colocamos a carne na grelha... Um churrasco na montanha de Omã! Para harmonizar com o rib-eye steak (olho do contra-filé) um Casillero Del Diablo Cabernet Sauvignon. Uma delicia! Não tínhamos tábua para cortar a carne, achamos uma pedra chata, lavamos bem e esterilizamos queimando álcool nela... ficou com um tempero maravilhoso!

5 bifões grandes.... mas acabou o vinho... e o frio continuou aumentando... chegou a hora do rum! Um rum forte pracarai! Esquentou tudo! 
a montagem da churrasqueria

tábua para cortar carne improvisada

cafézinho depois do jantar


Após um tempo, tomamos um belo susto... ouvimos um barulho e de repente uma cabra surgiu atrás da gente... então, passamos a ser nós quatro, Deus e um rebanho de cabras que devem ter vindo atrás da comida... Tocamos as cabras para lá, limpamos tudo e fomos preparar o acampamento para dormir.


O Helmut, dormiu na cabana, o Andreas, que veio para Omã preparado, dormiu em um colchão inflável e em um slepping bag. O Renato ficou com medo das cabras e foi dormir no carro... então, peguei o edredon dele e dormi com dois edredons, sobre o chão duro de pedra e sob as estrelas.

Foi difícil dormir... estava muito frio... fiquei dormindo de picadinho... volta e meia acordava... Numa das vezes que acordei com um barulho, tinha umas cabras dando uma volta pelo nosso acampamento. O termometro marcou 05°C como temperatura mais baixa na noite...


Acordei nos primeiros raios de sol, e com o barulho de uns porra de uns indianos que sem o mínimo respeito apareceram do nosso lado e começaram a fazer barulho... eram 6 da manhã... fomos preparar o café da manhã esperando o sol nascer por de trás das montanhas. Após um queijo quente na brasa, seguimos a rota para pegar a trilha e descer a montanha.







O Sol estava começando a mostrar a sua força, mas ainda estava muito frio... comecei a trilha com duas camisetas e a blusa de moletom, com a touca e viseira para proteger do sol... O caminho era fácil, só descida, entre as pedras... passando por paisagens magníficas! Muito bonito... do lado esquerdo era a montanha, do lado direito um barranco com mais de 1.000 metros que terminava num vilarejo e no leito de um rio seco, que aguarda a temporada de chuvas para retomar seu curso.



Chegamos às ruínas. Muito legal, casinhas bem baixinhas encravadas dentro da montanha. Diz a história, que teve uma época muitos anos atrás, que o Iran invadiu Omã (provavelmente naquela época nem tinham esses nomes ainda) e saiu destruindo tudo p que encontrava pela frente (lembrando que o Iran está do lado oposto do mar, ou do golfo de Omã) os locais, foram para as montanhas se refugiar, e encontraram lá, proteção dos inimigos, em um lugar de difícil acesso, e com água abundante. Não sei quando era, mas hoje em dia, a água só é abundante na época das chuvas, que pelo o que eu ouvi, não passam de 10 dias por ano.





A trilha acaba na ruína, para chegar até a piscina natural, não tem indicação, esse caminho é só pra quem sabe! E o Andreas sabia... foi um caminho difícil, por entre as pedras, subindo e escalando até chegar. 


Mas quando chegamos, duas horas e meia depois do inicio da caminhada, que lugar lindo! Montamos acampamento em uma gruta que tem no final da piscina, almoçamos, e fomos nadar um pouquinho... a água era extremamente gelada! Mas até aí, o Sol já estava forte, e foi ótimo para refrescar. Ficamos de boa um tempo, descansamos um pouco. 


mergulho nota 10!


Helmuth e Andreas iam voltar escalando a montanha acima. Como esse percurso estava além da minha 'radicalidade', voltamos o Renato e eu pelo caminho inicial, montanha acima.

A ida foi fácil... mas a volta era montanha acima! Com instantes de escadaria eternas! E eu que reclamava da escadaria do Pacaembu, pra sair da praça Charles Muller até a 'Laranja" fichinha perto disso daqui! Foi complicado... cansei, minhas pernas tremeram... ainda bem que tínhamos água... dos 20 litros iniciais, quando no separamos da dupla austríaca, ficamos com 4 litros e os dois com mais 4 litros... e na volta nós quase secamos toda a água... foi difícil, mas vibrei quando vi a aldeia do inicio da estrada! E quando olhei no relógio, levamos exatamente duas horas para o percurso todo... mesmo parando para descansar diversas vezes, fizemos em um ótimo tempo... acabamos chegando antes dos dois que escalaram...


Assim encerrei a minha aventura... minha primeira noite nas montanhas, meu primeiro acampamento e minha primeira trilha.


O pior, é que confesso que gostei... foi uma experiência fantástica... de interação com a natureza, só faltou caçar a minha própria comida! Se bem que caso necessita-se, não seria muit difícl, tinha muita cabra por lá!

Já estamos pensando na próxima viagem... é para um outro lugar, que tem um Wadi (leito de rio, que quando chove, serve de escoamento das águas das montanhas, formando Oasis) perto da praia, e junto disso tem uma caverna enorme. Vamos ver se vai rolar!


Pra quem quiser ver mais fotos desorganizadas das montanhas, clique aqui

4 comentários:

Tales disse...

Conheceu o Ennis del Mar então? haahahhaha

EduardoWK disse...

O momento com as cabras foi sensacional... rs Abssss!

Gustavo disse...

Aqui em Oakville, ON, Canada esta fazendo exatamente 6 oC agora. Ou seja, faz mais frio em Oma que no Canada! Huahuuahaauhauauaha!

VAI, CORINTHIANS!

rpastor disse...

E aqui em SP, na terça-feira estava 30°C e desde ontem, 15°C e muito vento, aumentando a sensação de frio. Gostei do relato.
Mas amanhã o tempo esquenta: tem Corinthians contra o Cruzeiro - jogo importantissimo!!! Vai Corinthians!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Parabéns e forte abraço,

rp